A Comunicação e a banalização das violações dos direitos humanos

Professor Samuel Pantoja Lima, jornalista, Mestre e Doutor em Mídia do Conhecimento, Professor titular da Universidade de Brasília

Professor Samuel Pantoja Lima, jornalista, Mestre e Doutor em Mídia do Conhecimento, Professor titular da Universidade de Brasília

Palestrante do VI Seminário de Gestão Prisional, Segurança Pública e Cidadania e falou sobre a banalização dos meios tradicionais e digitais de comunicação na banalização das violações dos direitos humanos

CDH: Professor Samuel, qual a importância de um Seminário que aborda as problemáticas das questões prisionais no Brasil, ter um tema específico voltado para a comunicação?

Professor Samuel: Um tema específico sobre comunicação, num evento dessa natureza, se justifica pelo papel que os meios de comunicação, dos tradicionais (impresso, rádio e TV) às novas mídias digitais (portais na internet, redes sociais, redes mobile etc.) têm em qualquer debate público relevante como é segurança pública. É notável, nas sociedades contemporâneas, esse papel de centralidade ocupado pela mídia, daí a importância cada vez mais capital de o Estado adotar políticas públicas de comunicação, garantindo ao mesmo tempo a democratização do setor.

CDH: Na sua opinião, o que favorece a banalização das violações de direitos humanos na mídia e como a comunicação pode ser eficaz na promoção da cultura da paz?

P. S.: Há uma inversão perversa no foco da cobertura: a mídia comercial vende um pacote de violência embalada no mais abjeto sensacionalismo. O objetivo estratégico deveria ser contribuir para a construção de uma cultura de paz, tolerância e civilidade. Nesse sentido, os meios de comunicação, em geral salvo talvez a exceção do promissor sistema público de televisão (Rede Brasil e afiliadas), ainda de pouco alcance na sociedade, essa tem sido a marca da cobertura. A forma talvez mais terrível de banalização são os programas de fim de tarde, em redes abertas de televisão, balizados pelo discurso do “bandido bom é o bandido morto” e da ideia de justiçamento ao invés de se buscar na Justiça Social a paz duradoura, e consistente.

São os Datenas e Rezendes da vida, despejando horas e horas de “espetacularização” da violência e ressaltando sempre os péssimos exemplos na área da segurança pública, jamais os casos de sucesso. A meu juízo, Estado e sociedade, juntos mobilizados, deveriam dar um basta nesse estado de coisas. O debate sobre meios de comunicação num evento sobre sistema prisional e segurança pública pode contribuir para isso.

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