A situação dos imigrantes haitianos em Joinville

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Por Lizandra Carpes

“Vivemos no Brasil um genocídio invisibilizado da população negra e jovem”, afirma o sociólogo Emir Sader, na Assembleia do Movimento Nacional dos Direitos Humanos que aconteceu no mês de agosto deste ano. Santa Catarina é o terceiro Estado em números de encarceramento de jovens negros (www.ssp.sc.gov.br), de acordo com o Juiz Corregedor do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, Alexandre Takaschima, dado apresentado na Escola de Formação Popular em Direitos Humanos, em Joinville. Considero estas falas para refletir a chegada dos imigrantes haitianos ao país e, mais especificamente na cidade de Joinville.

A situação do estrangeiro imigrante é sempre difícil. País diferente, idioma diferente e no caso dos haitianos negros e jovens. Quando chegam em uma região que não tem políticas para recebê-los agrava ainda mais a situação. Assim que recebem o visto para entrarem no Brasil os imigrantes têm os mesmos direitos que todos os cidadãos natos do país possuem, porém, até chegar ao ponto de entender e garantir esses direitos já sofreram várias violações.

Não vou entrar no mérito de citar as violações, mas, é notório que se não forem tomadas medidas urgentes de acolhimento, encaminhamento, orientação, trabalhar as dificuldades travadas pela língua e as questões de trabalho, o risco da criminalização e de alimentar o preconceito que já é acentuado e velado na região serão inevitáveis e a probabilidade destes imigrantes entrarem na estatística brasileira de violência contra a população negra e jovem, será certa.

É importante salientar que os haitianos saem de seu país que foi destruído por uma tragédia natural com a imensa dor de deixar suas vidas para trás, inclusive família, para trabalhar, ter seu “ganha-pão” e mandar dinheiro para quem ficou. A inocência, a solidariedade e a alegria acompanham este povo, o que facilita a exploração por parte de algumas esferas da sociedade. Na maioria são graduados em curso de nível superior, o problema é que o diploma não é válido no Brasil.

Existem muitas pessoas de boa vontade e disponibilidade de tempo que se voluntariam para dar algum auxilio aos imigrantes, no entanto, isso não é suficiente. É preciso cobrar do poder público implantação de políticas que garantam todos os direitos dos haitianos, como de todo imigrante e comprometer os entes da Federação neste processo. O papel da sociedade civil organizada é cobrar ações permanentes que garantam justiça para quem chega ao país.

No momento o que temos para tratar das questões mais necessárias é uma Comissão Permanente, constituída por setores do poder público, entidades sociais e movimentos, que foi encaminhada a partir da Audiência Pública que aconteceu no dia 06 de agosto, chamada pelo Centro dos Direitos Humanos de Joinville (CDH). Esta Comissão tem o dever de encaminhar políticas públicas e pensar a questão da imigração não apenas com ações emergenciais, mas também, preparar a cidade para gerações futuras.

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