Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016 – Direito Humano ao Saneamento Básico no Jardim Iririú/Jlle-SC

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Com o tema: “Casa Comum, Nossa Responsabilidade”, a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016 (CFE), quer garantia de saneamento básico a todas as pessoas. Traz em seu Texto-Base, preparado pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), dados preocupantes no Brasil e no mundo e apela com urgência para o cuidado com os elementos essenciais a vida: água e terra. Pede para todas as pessoas de boa vontade, denominações cristãs e outras religiões para trabalharem em unidade ecumênica nesta temática. A CFE também reforça a ligação do saneamento básico na prevenção de muitas doenças e enfatiza que, a cada um real investido em saneamento básico, economiza-se quatro em saúde.

Provocadas pelo lema tirado do livro de Amós 5, 24: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca”, todas as comunidades são intimadas a avaliar sua participação individual e coletiva, junto ao poder público, para garantir vida plena e justa em direitos:

20160302092238 (2)O mau cheiro e o lixo não são novidades nas margens das valas ao céu aberto que cortam o bairro Jardim Iririú. O desleixo da sociedade e o abandono do poder público transformam o cenário da comunidade num terror de poluição e descaso com a vida e o meio ambiente. Moradores vivem com medo por conta de animais peçonhentos encontrados dentro das residências como: cobras, aranhas, ratos e claro o maior inimigo do momento, o aedes aygipti. Para a moradora Simone Lorenzon, que reside na rua Odilon Rocha Ferreira, há nove anos, tem mau cheiro quando chove muito e quando chove pouco. “Tem muito pernilongo e ratazanas, uso veneno 24 horas por dia para proteger minha família”, relata Simone.

A delimitação do bairro inicia na confluência do Rio Iririú-mirim e prossegue até o ponto inicial, ou seja, as remanescentes de manguezais da região leste de Joinville, junto às margens do canal de contenção de invasão dos mangues, onde não se faz presente à ocupação humana (Fonte: IPPUJ). Quilômetros de esgoto são lançados no manguezal e desaguam na Baia da Babitonga misturado a todo tipo de lixo, desde sacolas plásticas até carcaças de eletrodomésticos como televisores e geladeiras, outros móveis como guarda-roupas e sofás, também são encontrados no local. 20160302092238 (5)

O mato alto toma conta das margens das valas e órgãos e terrenos públicos, inclusive nas escolas. Com este cenário caracterizado pela falta de saneamento básico e conscientização reflete a morte da água, da terra e do manguezal e uma comunidade que sofre com as consequências desastrosas correndo o risco de serem vítimas de várias doenças. Para Juçara Cercal, moradora do bairro há 30 anos, este quadro é de escuridão. “Se o quintal está limpo, os animais peçonhentos não se instalam, precisamos nos proteger com a limpeza, mas falta conscientização”, enfatiza Juçara.

20160302092238 (9)Miguel Antunes Valêncio, morador há 15 anos, relata que a situação do bairro é crítica e que a comunidade não tem nem um metro de rede de esgoto tratado. No que diz respeito aos resíduos sólidos, ele aponta que estão espalhados por toda a redondeza. “As pessoas jogam nos rios, nas valas, nos terrenos onde pertence à prefeitura que estão virados em mato”, completa.

Os dois conjuntos habitacionais do programa “Minha Casa, Minha Vida”, ficam às beiras das valas e matagais. Para parte da população falta conscientização dos moradores e bastante atenção do poder público. No bairro passa o caminhão da coleta seletiva de lixo, no entanto, muitas pessoas não fazem a separação correta. “O saneamento básico já é específico é comprovado que faz bem pra saúde, se nós tivermos o saneamento, com certeza, vai ter mais saúde”, enfatiza Miguel.20160302100918

Para o Engenheiro Sanitarista e Ambiental, Thobias Lemke, que é um dos assessores da equipe de formação da CFE em Joinville, a mudança de cultura e comportamento é fundamental para o processo de saneamento básico, que deve ser pensado em longo prazo, no entanto, todos os dias, em pequenas atitudes. “O que transforma alguma coisa em lixo é uma atitude humana, é preciso organizar a comunidade neste sentido”, explica Thobias. Logo, em contrapartida é preciso atenção do poder público para sanar os problemas. “A gente chama a prefeitura, eles vêm e roçam o mato, mas isso não resolve, precisamos de uma galeria nas valas”, reivindica Simone Lorenzon.20160302092238 (8)

Até o fechamento desta matéria tentamos conversar com a Subprefeitura Leste pelos telefones disponíveis no site (https://www.joinville.sc.gov.br/conteudo/46-Leste.html) da prefeitura, mas não fomos atendidos: (47) 3437-2077 e (47) 9901- 6168.

Por Lizandra Carpes – Jornalista

Fotos: Rodrigo Andrade – Publicitário

Originalmente publicado no jornal “Precursor”

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