Opinião
Nota pública pela criação de atendimento emergencial da Assistência Social de Joinville em tempos de contenção da pandemia do Coronavírus

O cenário criado a partir dos casos de Coronavírus (COVID-19) no Brasil trouxe
situações que colocam em risco as vidas dos setores mais pobres do mundo. Em
Joinville, não é diferente. Considerando as medidas encaminhadas nos decretos do
governador Carlos Moisés e do prefeito Udo Döhler, os movimentos sociais,
entidades de classe, movimentos artísticos, culturais, organizações populares e
políticas assinam este documento, exigindo as seguintes ações imediatas da
Prefeitura de Joinville para a próxima segunda-feira, 23 de março de 2020.
- Distribuição de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para os servidores
municipais da saúde e assistência social municipal; - Criação de uma ação de distribuição de cestas básicas para as famílias com as
crianças matriculadas na rede municipal de educação enquanto durar o fechamento
das escolas municipais; - Distribuição de cestas básicas para as famílias de imigrantes residentes em
Joinville enquanto persistir as medidas restritivas; - Instalação de 10 equipamentos de higienização para as pessoas em situação de
rua, distribuídos em pontos estratégicos na cidade; - Abertura do Ginásio Abel Schulz para utilização dos banheiros;
- Adoção de medidas para acomodação de pessoas em situação de rua em caso
de contágio pelo Coronavírus; - Distribuição de álcool gel e materiais de higiene para a população em situação de
rua, imigrantes e famílias do Cadastro Único; - Não utilização da repressão estatal contra as populações de imigrantes, em
situação de rua e em geral; - Cobrança às empresas privadas a paralisação da produção nas fábricas naquilo
que não seja essencial na atual situação do país; - Distribuir materiais informativos sobre os cuidados necessários para a
população em situação de rua e imigrantes.
Joinville, 20 de março de 2020.
Assinam o documento:
AMORABI – Associação de Moradores e Amigos do Bairro Itinga
AJOTE – Associação Joinvilense de Teatro
ASSOCIAÇÃO GENTE
AEVAHJLLE – Associação Esperança Viva de Apoio à Haitianos da Região de
Joinville
ASHANTI – Coletivo Ashanti de Mulheres Negras
BAQUE MULHER – Maracatu Feminista Baque Mulher
CALHEV – Centro Acadêmico Livre de História Eunaldo Verdi da UNIVILLE
CABN – Coletivo Anarquista Bandeira Negra
CDH – Centro dos Direitos Humanos Maria da Graça Bráz
CEBI – Centro de Estudos Bíblicos
Comissão Ecumênica de Joinville
Centro Integrado João de Paula – Exército de Salvação
CONEP – Coordenação Nacional de Estudantes de Psicologia
CTB – Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil
CEBI – Centro de Estudos Bíblicos
DALEM – Diretório Acadêmico Livre das Engenharias de Mobilidade – UFSC
DAP – Diálogo e Ação Petista
DeMÃES – Teatro Playback de Mães
FJM – Frente Joinville pela Democracia
FMJ – Fórum de Mulheres de Joinville
GRES DIVERSIDADE – Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos pela
Diversidade
IMPAR – Instituto de Pesquisa da Arte pelo Movimento
INTEGRATIVA – Capoeira Integrativa
LAB URB – Laboratório Urbano
LEIA MULHERES – Clube Leia Mulheres
MANIFESTA – Juventude Manifesta do PSOL
IEAB – Missão Anglicana da Reconciliação
MPL – Movimento Passe Livre
MORRO DO OURO – Grupo de Maracatu Morro do Ouro
MNML – Movimento Negro Maria Laura
MULHERES DO PT – Coletivo de Mulheres do PT
OIAFJLLE – Organização de Imigrantes Africanos de Joinville
PCdoB – Partido Comunista do Brasil
PSOL – Partido Socialismo e Liberdade
PT – Partido dos Trabalhadores
SINDIPETRO PR/SC – Sindicato dos Petroleiros
SINDIPREVS – Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência do Serviço Público Federal
SINDIRECEITA – Sindicato dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil
SINPRONORTE – Sindicato dos Trabalhadores em Instituições de Ensino Particular e Fundações Educacionais do Norte do Estado de SC
SINSEJ – Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Joinville e Região
SINTESPE – Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Estadual de Santa Catarina – Núcleo Joinville
TRANSCENDER – Coletivo Transcender
UJS – União de Juventude Socialista
UBM – União Brasileira das Mulheres
UNALGBT – União Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis e
Transexuais de Joinville
UNIDADE CLASSISTA – Corrente Sindical/PCB
VIRGÍNIA – Coletivo Virgínia
Medidas – Covid 19
Informamos que o Centro dos Direitos Humanos Maria da Graça Bráz de Joinville (CDH) vai seguir a agenda oficial do Governo do Estado. O atendimento ao público, reserva do auditório e todas as reuniões e eventos foram cancelados por tempo indeterminado.
Este é um momento de cooperação coletiva de cuidado uns com os outros. Estamos acompanhando que a nível mundial várias medidas de precaução estão sendo tomadas. Vamos nos conscientizar! É de suma importância olhar por aquelas pessoas que são vulneráveis em todos os sentidos, inclusive aquelas que não tem condições de se resguardarem contra o vírus.
Estamos atendendo emergência via Whatsapp: (47) 9757 – 6819 e pelo E-mail: cdh@terra.com.br
Por fim, vamos seguir também as orientações da Nota sobre o Covid – 19 feita pelo colegiado do CDH.

Nota do CDH em relação ao coronavírus

Nós, do Centro dos Direitos Humanos Maria da Graça Bráz de Joinville (CDH), identificamos que a atual conjuntura tem um agravante: Covid – 19, o coronavírus e a falta de ações emergenciais dos governantes brasileiros. O cenário cria um clima de medo e tensão, o que pode ser usado pelos governos na sua doutrina de choque para cortar os direitos sociais e adotar medidas rígidas contra a população.
A nossa posição tem como objetivo garantir os direitos sociais, a liberdade e a democracia frente ao risco do uso político e econômico para fazer avançar leis que violem os nossos direitos fundamentais e impeçam uma vida digna.
É importante ressaltar a situação da classe trabalhadora que neste momento está à mercê de medidas que não contemplam com segurança seu direito à saúde, uma vez que Joinville é um polo industrial e o setor de produção, bem como, outras categorias não têm autonomia para não ficar exposto ao vírus a não ser que seus patrões deem ordem de paralisação. Assim, antes de qualquer medida, observando o cenário perigoso para os povos sofridos e lutadores e as medidas anti-povo dos governos federais, estaduais e municipais, cabe a organização de uma greve geral para cobrarmos os responsáveis para sairmos da crise.
1. A imediata suspensão das aulas na educação básica e superior nas redes pública e privada;
2. O fornecimento gratuito de álcool gel nos terminais urbanos de ônibus;
3. O fechamento dos shoppings por manter uma expressiva aglomeração de pessoas, afetando diretamente quem trabalha nesses estabelecimentos comerciais;
4. Exigir das empresas de transporte coletivo um atendimento com orientação e equipamentos para os seus trabalhadores não ficarem totalmente em risco;
5. A criação de uma comissão municipal para lidar com o covid -19, além da participação das esferas governamentais, deve incluir os sindicatos de trabalhadores, movimentos sociais e organizações comunitárias com objetivo de participar na construção das decisões e impedir o favorecimento de interesses de grupos políticos e de grandes grupos econômicos;
6. Na esfera federal, a criação de um plano de solidariedade financeira com trabalhadores terceirizados e de aplicativos, que frente a crise de saúde pública serão afetados em suas condições de sobrevivência já precárias;
7. Na esfera federal, criar uma medida para conter o aumento do preço de produtos básicos de higiene, alimentação e saúde;
8. Frente a crise, que o Estado brasileiro não faça o uso da violência estatal como recurso para lidar com os problemas de saúde pública. Sem limitar os direitos sociais conquistados com muita luta dos povos oprimidos;
9. O fim da Emenda Constitucional 95, que impôs o congelamento por vinte anos nos gastos públicos, em especial na saúde e educação;
10. A imediata suspensão por tempo indeterminado das movimentações de mandatos de reintegração de posse, despejo e remoções judiciais;
11. A criação de medidas para atender a população em situação de cárcere;
12. Medidas de emergência para subsidiar financeiramente pequenos agricultores que vendem seus produtos em feiras livres, que muito provavelmente serão canceladas, tendo em vista também que a população vai optar por alimentos não perecíveis. Agricultoras e agricultores vão ficar sem renda para se manterem.
13. Observando a situação dos imigrantes, como é comum no caso de senegaleses e haitianos é necessário criar medidas de emergência para atendimento para estas pessoas, uma vez que, já no cotidiano são muito mal atendidas. Observar também a vulnerabilidade do trabalho informal prejudicado por conta da quarentena, pois, muitos garantem o pão de cada dia com vendas.
14. Para populações Negra, Povos Ciganos, Povos Originários Indígenas e Quilombolas, é urgente exigir ações nos atendimentos públicos de saúde no sentido de garantirmos o serviço de qualidade, sabendo de como o racismo institucional e estrutural muito presente no Estado viola o direito destas pessoas.
Nosso atendimento ao público será suspenso por tempo indeterminado.
Emergência pelo Whatsapp: (47) 9757-6819
Centro dos Direitos Humanos Maria da Graça Bráz, Joinville – 16 de março de 2020.
Atualizada no dia 17/03/2020.