SOUC 2016 impulsiona para o acolhimento aos migrantes

As migrações são tão antigas quanto às próprias populações, não são um movimento exclusivo desse momento da história. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) de 2000 a 2015 falamos de 244 milhões de migrações no mundo. Número maior do que o aumento populacional.

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Encerrou ontem (15) a Semana de Oração Pela Unidade Cristã (SOUC 2016). A organização desta semana fica por conta de seminários impulsionados pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC) em todo o Brasil, para repasse da temática trabalhada. O Vice Presidente do CONIC, Pastor Sinodal da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), Inácio Lemk, foi motivador de todo o processo de divulgação da SOUC em Santa Catarina. O Seminário preparatório aconteceu no Estado nos dias 04 e 05 de abril em Rodeio 12, promovido pelo Conselho de Igrejas para Estudo e Reflexão (Cier). Em Joinville, no dia 23 de abril, na comunidade IECLB Apóstolo Pedro, no bairro Aventureiro com a organização da Comissão Ecumênica. Cerca de 20 pessoas participaram do encontro e vão contribuir na organização da SOUC na cidade.

A SOUC aborda este ano o fenômeno das migrações contemporâneas e tem como lema: “Proclamai os altos feitos do Senhor” (1 Pe 2, 9). Esta iluminação bíblica nos diz que o Batismo nos conclama ao respeito pelo migrante. Mais do que tolerantes, precisamos ser respeitosos. A tolerância deveria ser uma convicção passageira. Ela deveria conduzir ao reconhecimento do direito à dignidade que é inerente a cada ser humano. A Semana de Oração foi preparada pelas Igrejas da Letônia. Participaram diretamente do processo de elaboração do material as Igrejas: Católica Apostólica Romana (ICAR), Luterana, Ortodoxa e Batista.

Os elementos desta semana e o cartaz trazem o sal sabor da terra, água do batismo, o pão da partilha, a palavra, a luz para sejamos luz no mundo, o Espírito Santo que nos impulsiona para o trabalho comum, a cruz de Cristo e o favo de mel que representa a unidade.

13062085_1077726018932388_1553432107537408608_nPara a Jornalista Lizandra Carpes, que assessorou o seminário em Joinville, não é 13055296_1077726315599025_4496961865893266625_npossível falar de migração sem observar a raiz da sua existência. “Não podemos abordar o fenômeno das migrações contemporâneas sem enfrentar o capitalismo global”, ressalta Lizandra. Para o pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Stefan Ruy Krambeck ressalta a necessidade da Igreja intervir politicamente nas questões sociais da sociedade, respeitando a laicidade do Estado e de acordo com o Evangelho. “Não podemos separar a espiritualidade da economia, isto é um erro”, enfatiza o pastor.

WP_20160508_066Em Joinville a abertura da SOUC aconteceu no dia 8 de maio, na Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (Igreja da Paz) no Centro da cidade, preparada pela Comissão Ecumênica. Representações da Igreja Luterana, Católica e Ortodoxa celebraram a comunhão, diálogo acolhida que nos faz refletir sobre as migrações a partir do povo Letão. Para o Padre Sérgio da Silva, Coordenador Diocesano das Pastorais da Igreja Católica Romana, é preciso respeito a dignidade humana para ter uma Joinville acolhedora com as pessoas que procuram vida digna. “Ser profeta nos chama para participar da vida politica”, ressalta o Padre.

A Letônia é como uma “ponte” entre as tradições católicas, protestantes e ortodoxas. Este “ecumenismo vivo” provém de experiências de cantos e orações em comum que encontraram o caminho da unidade no processo de independência e redemocratização da nação, nos anos 1990. Outro fator importante é ressaltar que muitas famílias saíram da Letônia em busca de paz, em lugares que pudessem expressar sua confissão de fé, pois, quando a Rússia conquistou a Letônia, o povo ficou submisso aos Czares. Eram desrespeitados em sua língua, religião, cultura e tradições. Por esta razão as pessoas migravam.

2f94c686-e493-4224-b936-5e924d10e293Outras celebrações aconteceram no decorrer da semana. No dia 10, a comunidade São Domingo, do Paranaguamirim realizou uma celebração setorial dos Grupos Bíblicos de Reflexão e enfatizou a oração pela unidade, recordando as dores dos migrantes e ressaltando a importância do acolhimento.

f5cfa0e4-f703-457c-84d8-309fa7bf540eA paróquia Nossa Senhora de Fátima da Rua XV, no bairro Glória também celebrou a SOUC. Igreja Católica, Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) e IECLB celebraram juntas com a participação de corais. As Igrejas do bairro já celebram em conjunto a SOUC e a oração pela unidade é uma tradição na região.

O Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos (CEBI), o Centro dos Direitos Humanos (CDH) e o Centro Dom Helder (CDHE) prepararam a celebração do dia 12. O encontro aconteceu na sede do CDH e fez uma profunda reflexão sobre os sonhos e a utopia de vivermos um mundo mais justo e que possa acolher a todas e todos sem distinção de cor, etnia ou território. Nesta celebração esteve presente também o Pastor Clóvis Bueno da Igreja Presbiteriana do bairro Costa e Silva.50ae5d75-d9a4-4add-bb80-c796e77d3efd

O encerramento da SOUC aconteceu no dia 13 de maio, na Paróquia São Domingo Sávio, no bairro Jardim Paraíso. Católicos e Luteranos da IECLB celebraram a partilha e fizeram memória das dores do povo que sofre peregrinando pelo mundo. Para o Pastor Marcos Aurélio Oliveira, vice sinonal da IECLB e coordenador da Comissão Ecumênica de Joinville, a SOUC é uma motivação para que continuemos na unidade. “O tema das migrações é constante, nos motivemos a nos aprofundar na acolhida”, ressalta o Pastor.

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Assim, a SOUC pede o aprofundamento não apenas na oração, mas no conhecimento da realidade de milhares de pessoas que saem de seus países de origem em busca melhores condições de vida. A tolerância deveria ser uma convicção passageira. Ela deveria conduzir ao reconhecimento do direito à dignidade que é inerente a cada ser humano. Durante a celebração todas e todos formam chamados a serem luz do mundo e propagadores da unidade em Cristo.

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